28 de jan. de 2017

Cientistas criam embriões híbridos rumo ao desenvolvimento de órgãos para transplante

Embriões contém combinação de células-tronco de humanos e porcos

Uma pesquisa, ainda em uma fase inicial publicada por pesquisadores na revista científica Cell, pode criar a maior onda de choque entre ciência, religião, controvérsias e questões éticas. Cientistas criaram pela primeira vez embriões que contém uma combinação de células-tronco de duas espécies grandes e muito diferentes - humanos e porcos -, um passo importante em direção ao desenvolvimento de órgãos para transplante, revela um estudo nesta última quinta-feira dia 26.

"Este é um primeiro passo importante", disse o autor principal, Juan Carlos Izpisua Belmonte, professor do Laboratório de expressão genética do Instituto Salk para Pesquisas Biológicas, na Califórnia.
"O objetivo final é desenvolver tecidos e órgãos funcionais e transplantáveis, mas estamos longe disso", acrescentou.

Cientistas implantaram células-tronco adultas humanas - conhecidas como células-tronco pluripotentes induzidas - em embriões de suínos e permitiram que elas crescessem por quatro semanas.
Mais de 150 embriões se desenvolveram em "quimeras" - como a mistura humano-animal é conhecida, em referência à figura híbrida da mitologia grega - que eram principalmente suínos, mas com um pequena contribuição humana.
O trabalho envolveu cerca de 1.500 embriões de porcos e levou quatro anos, muito mais tempo do que inicialmente estimado, devido à natureza complicada das experiências.
Juan Carlos Izpisua Belmonte
A ideia de criar misturas entre humanos e animais alimenta controvérsias e levanta questões éticas, particularmente porque os experimentos poderiam teoricamente levar à criação de animais com qualidades humanas, e possivelmente inteligência.
Mas segundo Jun Wu, cientista do Instituto Salk, o nível de contribuição humana para os embriões de porcos foi "baixo" e não incluiu precursores de células cerebrais.

No caminho da evolução
Bruce Whitelaw, professor de biotecnologia animal da Universidade de Edimburgo, que não participou do estudo, descreveu-o como "emocionante" porque este "abre caminho para avanços significativos".
De acordo com Darren Griffin, professor de genética na Universidade de Kent, o "trabalho também nos ajudará a entender melhor a evolução, o desenvolvimento e as doenças" e pode eventualmente levar a uma solução para a escassez de órgãos.
"Neste estudo, os autores seguiram as diretrizes legais e éticas existentes, permitindo que os embriões se desenvolvessem pelo tempo máximo permitido", acrescentou.
"É importante que qualquer pesquisa futura seja conduzida com total transparência, de modo a permitir o escrutínio público e o debate", completa Darren Griffin.

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